Por Nancy Ferreira
Qual o primeiro impulso que nos ocorre ao olharmos um pet, especialmente um bebê, nas feiras de adoção ou nos posts das redes sociais? Claro: levá-lo para casa!
Então, vou lhe convidar para algumas reflexões, antes de você tomar uma decisão tão crucial.
1. Qual o seu nível de paciência com as artes de um pet?
Em nossas divagações, imaginamos aquele pet que não dá trabalho, que chegará apenas para alegrar a casa. Falso! Caberá a você educar seu filho de quatro patas, desde o primeiro dia no novo ambiente. Mesmo que você tenha condições financeiras para contratar um adestrador, não se esqueça de que esse tipo de trabalho é em conjunto com este profissional, nunca apenas responsabilidade dele. Você receberá do adestrador todas as orientações necessárias, mas se não executá-las, seu pet continuará mal-educado. Nunca delegue a ninguém o sucesso integral de um
treinamento comportamental.
No início da integração do pet à sua casa, seja ele bebê ou mais velho, prejuízos acontecerão, invariavelmente. E não adianta, de forma alguma, castigar seu pet após certo curto tempo da bobagem feita. Pesquisadores liderados pelo etólogo Johan Lind, da Universidade de Estocolmo, descobriram que 120 segundos (2 minutos) é o tempo de duração da memória de curto prazo dos cães. Ou seja, se o seu pet fizer xixi na sala e você só se der conta disso 5 minutos depois, de nada adiantará gritar com ele, punilo esfregando o seu focinho no xixi (sim, há quem faça isso!), pois ele não entenderá por que está sendo punido.
O processo de mudança de comportamentos indesejados por comportamentos adequados tem que ser feito com a correção no momento do erro, sem maus-tratos, utilizando-se apenas reforços positivos quando ocorrem os acertos que desejamos.
Ao chegar do trabalho, cansado, você teria essa paciência ao ver o que seu bichinho aprontou na sua ausência? E com relação aos móveis roídos, sofás e/ou colchões rasgados?
Você saiu, trabalhou, encontrou seus amigos. Mas e o pet, o que houve de novidade na vida dele durante este período? Tédio e ansiedade de separação são as principais causas destas alterações comportamentais tão desastrosas.
Paciência é a palavra-chave para manejar essas ações . Um bom adestramento facilitará demais a vida do tutor e do pet, para quem tudo é brinquedo e descoberta.
2. Disponibilidade de tempo para as necessidades mínimas do animalzinho.
Para começar a pensar em cuidar de um pet, verifique como anda o seu altruísmo. Você não estará levando para sua casa um ser inerte, um brinquedo. Já pensou que talvez você tenha que cancelar uma viagem tão desejada porque seu bichinho está com problemas de saúde? Ou porque a pessoa que iria cuidar dele, na hora H, desistiu?
Muitas pessoas optam por ter um gato, na ilusão de que este pet não demanda atenção. Também falso! Todo e qualquer animal que você inclua na sua rotina diária demandará atenção afetiva, além dos cuidados básicos de alimentação e troca de água. Pergunte a quem tem hamsters e porquinhos-da-índia como eles são carinhosos
e sentem a falta dos tutores!
Se você escolheu um cão, os passeios na rua são mandatórios. Você está disposto a abrir mão de um tempo extra de sono pela manhã, para que seu pet comece bem o dia? E à noite, naquele horário em que só queremos um banho e cama, como lidar com a vontade de passear do seu companheiro?
Sem dúvida, a sua vida ganhará um novo cronograma de atividades ! Seria justo privar seu pet de um mínimo de bem-estar ? Resumindo: você terá que abrir mão de um pouco de seu tempo para repartir momentos de prazer com o seu bichinho.
3. Você se torna responsável pelo animal que entra em sua casa. Devolvê-lo jamais deveria ser uma opção.
Em toda adoção divulgada, vemos o termo “responsável” ao lado, não é isso? Diria que não se trata apenas de “adoção responsável”, mas também da “compra responsável”, quando esta é a escolha do tutor.
Como falei no início deste post, o impulso costuma gerenciar a aquisição de um pet. Tão fofinho, lindinho demais! Eu quero! Mas este ser chora à noite, pode uivar e assustar os vizinhos, e o pior: vai ter que se encaixar a toda uma estrutura da casa existente anteriormente à sua chegada.
Adaptações não costumam ser fluidas nem fáceis, nunca se esqueça disso! Pense em qual seria a sua reação diante de todos esses transtornos reais, que sempre acontecem, já que você não está simplesmente indo a uma loja comprar uma pelúcia.
A partir do momento em que você optou por ter um pet, presume-se que ele deveria ser de sua inteira responsabilidade. Alguém devolve um bebê humano porque ele chora de madrugada e incomoda demais os vizinhos? Ou porque ele faz muito xixi? As ONGs e os protetores independentes fazem questão de acompanhar as adoções e aceitam as devoluções, para que o pet não sofra nem seja negligenciado em um lar que não o recebeu adequadamente. Mas é muito duro ver a tristeza de uma devolução de quem nunca teve um lar, experimentou esse gostinho e, simplesmente, foi descartado.
4. Cuidar bem de um pet é caro.
Fazem parte dos cuidados de um bichinho: vacinas, idas ao veterinário, comprar ração, alguns brinquedos, coleira, guia e outras tantas demandas. Algumas pessoas abusam de certas “frescuras” como roupinhas e outros acessórios não vitais para ele, mas posso garantir que o mínimo do mínimo é caro.
Avalie muito cautelosamente a sua disponibilidade financeira para incluir um bichinho nesta lista de gastos mensais essenciais. Você se surpreenderá! E isso sem contar com eventuais acidentes ou problemas de saúde que possam acontecer. Prepare-se para cuidar de um bichinho por uns 10 anos ou mais.
Teríamos muito mais o que falar a respeito de aspectos relacionados à opção madura de querer um pet, mas creio que estes, a princípio, sejam os mais relevantes. Garanto que se você tiver um comprometimento genuíno e afetuoso com seu pet, todo o esforço e os gastos tornam-se insignificantes. O olhar de amor que eles nos
dedicam compensa qualquer sacrifício!
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