Por: Renato Ferreira dos Santos
Até o dia em que foi resgatado no meio do mato e da tempestade por duas almas caridosas, acho que o Thor nunca imaginou que nos encontraria. Assim como eu nunca pensei que fosse encontrar um cachorro como ele.
Tenho cachorros desde os 4 anos de idade, sempre fui apaixonado por todos, mas nunca um como o Thor. O Thor é o tipo de cachorro que você guarda na memória por toda a vida, que conta para os outros. Ele é companheiro, é participativo, é carinhoso e é fiel. É a definição do melhor amigo.
O Thor me mostrou os limites da pureza e do amor de um cachorro. Ele é capaz de um nível de fidelidade e amizade que chega a ser ultrajante, dada a nossa incapacidade de fazer algo semelhante.
É o tipo de cachorro que se você fecha a porta do quarto, ele fica ali deitado esperando que você abra novamente. Que chega no meio da noite, sobe na cama e deita no seu pé de uma forma que você não ousa se mexer, para não perturbar o sono do folgado. Que te recebe na porta com a mesma efusividade, a cada vez que você chega em casa.
Aliás, o Thor e eu temos um verdadeiro ritual que se repete (ou ao menos se repetia até hoje) diariamente, quando eu chego do trabalho: quando estou no elevador, ele já sente o meu cheiro e começa a latir, para que todos saibam que cheguei; quando eu abro a porta, ele late mais alto, me recebe e já começa a me puxar para o meu quarto. Chegando lá, ele sobre na cama e espera pacientemente (às vezes nem tanto), até que eu me troque. Em seguida, ele já pula, fica sobre duas patas e me chama para um abraço.
É isso mesmo: ele mergulha, põe as duas patas sobre os meus ombros e começa a me lamber incessantemente. Logo depois, ele desce da cama, espera que eu deite e sobre novamente, dessa vez para deitar na minha barriga e receber carinho. Aquele é o nosso momento do dia, a nossa rotina. Eu me pergunto se ele passa o dia esperando por aqueles cinco minutos do dia em que executamos o nosso ritual sagrado. A minha mãe que não me ouça, mas, de todos, acho que esse será o momento de que eu mais sentirei falta após a mudança.
O Thor é isso: ele te dá tudo e não pede muito em troca. Um pouco de comida (ele nunca dispensa), dois passeios por dia e no resto do tempo ele estará sempre por perto e de bom humor.
Apesar de talvez não imaginar que essa se tornaria a casa dele, o Thor conhece perfeitamente a nossa rotina: ele sabe a hora que eu acordo para sair com ele de manhã (e faz questão de me lembrar quando eu tento dormir mais), percebe quando eu começo a montar o set para dar banho nele (e já procura um lugar para se esconder) e sabe também, quando estou comendo, que se ele ficar muito tempo me olhando com cara de cachorro que já passou fome, não vou resistir.
Vou me casar e estou de mudança. Infelizmente, o Thor não vai comigo. Deixo-o com o coração partido, mas consciente de que a minha rotina me impediria de, sozinho, cuidar dele da forma como ele merece. Prefiro que ele sinta a minha falta (saudade que será atenuada a cada visita), mas tenha a companhia e a atenção constantes da minha mãe, da Lully (irmã do Thor, que nós também adotamos) e até da Ana (que trabalha lá em casa), do que ele passe o dia sozinho e inativo, só me esperando chegar.
Mas confesso que será duro chegar em casa diariamente e não o ter à porta para me receber, pronto para o nosso ritual. Talvez, quando a saudade apertar, eu abra os braços e fique esperando ele surgir para me dar um abraço.
De uma coisa eu tenho certeza: o Thor estará sempre comigo, porque o amor dele é muito maior do que eu mereço.
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